O Realismo no Brasil

O REALISMO - O Realismo no Brasil

O Realismo no Brasil teve início em 1881 com a publicação da obra Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis

Por volta de 1890 entrou em declínio com o surgimento do Parnasianismo.

Considerado um movimento anti-burguesia, o Realismo denunciava a hipocrisia e as falsas bases que sustentavam as relações burguesas  da época.  

Desse modo, os escritores escreviam buscando a verdade, produto de suas observações, e abandonavam o estilo que tinha como objetivo apenas entreter os leitores. 

Eram abordados temas como os costumes da sociedade da época, os conflitos internos das pessoas, as relações sociais e as crises das instituições.

 

 

Outras questões frequentes nas obras Realistas são:  

a não idealização da mulher; 

os sentimentos como o amor subordinados aos interesses sociais;

os heróis apresentados como problemáticos e cheios de fraquezas.

Quanto às características estruturais da escrita, é importante ressaltar a objetividade, a linguagem culta e direta e as descrições com adjetivos bastante objetivos.

 

Machado de Assis - O Realismo no Brasil

Machado de Assis

Machado de Assis

Além de ser considerado um dos maiores escritores brasileiros, é também o grande destaque do Realismo. Sua ficção é baseada em uma inigualável análise psicológica dos personagens. 

Apesar de  escrever em primeira pessoa, o escritor consegue manter o distanciamento necessário para que o narrador observe sem intervir nos fatos. 

Outro aspecto relevante do escritor é o uso da  ironia como forma de crítica aos costumes da sociedade. 

Suas obras mais relevantes são: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro.

“Ao leitor,

Que Stendhal confessasse haver escrito um de seus livros para cem leitores, coisa é que admira e consterna. O que não admira, nem provavelmente consternará, é se este outro livro não tiver os cem leitores de Stendhal, nem cinqüenta, nem vinte, e quando muito, dez. Dez? Talvez cinco. Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne, ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabugens de pessimismo. Pode ser. Obra de finado. Escrevia-a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que poderá sair desse conúbio. Acresce que a gente grave achará no livro umas aparências de puro romance, ao passo que a gente frívola não achará nele o seu romance usual; ei-lo aí fica privado da estima dos graves e do amor dos frívolos, que são as duas colunas máximas da opinião.”

Memórias Póstumas de Brás Cubas

 

Além de Machado de Assis, outros autores se destacam na época:

 

 

Raul Pompeia

Raul Pompéia escreveu O Ateneu, considerada por muitos também uma obra Naturalista.

“Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.’Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico, diferente do que se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso. Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam.”

O Ateneu

 

Visconde de Taunay - O Realismo no Brasil

Visconde de Taunay

Visconde de Taunay, escritor predominantemente regionalista, destacou-se pela obra, Inocência:

“Corta extensa e quase despovoada zona da parte sul-oriental da vastíssima Província de Mato Grosso a estrada que da Vila de Sant’Ana do Paranaíba vai ter ao sítio abandonado de Camapuã. Desde aquela povoação, assente próximo ao vértice do ângulo em que confinam os territórios de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso até ao Rio Sucuriú, afluente do majestoso Paraná, isto é, no desenvolvimento de muitas dezenas de léguas, anda-se comodamente, de habitação em habitação, mais ou menos chegadas umas às outras, rareiam, porém, depois as casas, mais e mais, caminham-se largas horas, dias inteiros sem se ver morada nem gente até ao retiro de João Pereira, guarda avançada daquelas solidões, homem chão e hospitaleiro, que acolhe com carinho o viajante desses alongados páramos, oferece-lhe momentâneo agasalho e o provê da matalotagem precisa para alcançar os campos de Miranda e Pequiri, ou da Vacaria e Nioac, no Baixo Paraguai. Ali começa o sertão chamado bruto.”

Inocência

 

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