Vamos resolver as questões da prova ENCCEJA Fundamental 2018.
1.
Essa charge apresenta uma crítica bem humorada sobre a proliferação do mosquito transmissor da dengue. O humor no texto é construído a partir da conjugação da:
a) atitude invasiva dos mosquitos, com o uso da expressão “diz ele…”.
b) expressão irritadiça do dono da casa e da fala “…esse cara”.
c) ação dos mosquitos abrindo a geladeira, com a expressão “dono da casa”.
d) presença de mosquitos da dengue relaxando no sofá, com a pergunta “Quem é…”.
2.
O cão e a carne
Ia um cão atravessando um rio; levava na boca um bom pedaço de carne. No fundo da água, viu a sombra da carne; era muito maior. Cobiçoso, soltou a que tinha na boca para agarrar na outra; por mais, porém, que mergulhasse, não alcançou.
Disponível em: www.ebooksbrasil.org. Acesso em: 25 set. 2013 (adaptado).
A fábula é um texto cujos personagens, geralmente, são animais com características humanas.
O objetivo desse texto é apresentar
a) exemplos de vida.
b) denúncias sociais.
c) ensinamentos morais.
d) experiências pessoais.
3.
“Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende? Depois vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de novo, e na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta tem outra volta, só que esta é mais fechada. E tem um, um… Uma espécie de, como é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a outra ponta, a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende, fica fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha. Entende?”
“Infelizmente, cavalheiro…”
“Ora, você sabe do que eu estou falando.”
“Estou me esforçando, mas…”
“Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa ponta, certo?”
“Se o senhor diz, cavalheiro.”
“Como, se eu digo? Isso já é má vontade. Eu sei que é pontudo numa ponta. Posso não saber o nome da coisa, isso é um detalhe. Mas sei exatamente o que eu quero.”
“Sim, senhor. Pontudo numa ponta.”
“Isso. Eu sabia que você compreenderia. Tem?”
VERISSIMO, L. F. Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 1982.
Analisando o diálogo apresentado no texto, percebe-se que falhas na comunicação poderiam ser minimizadas se o consumidor
a) empregasse marcas de oralidade.
b) evitasse expressões imprecisas.
c) eliminasse a representação gestual.
d) usasse a linguagem informal.
4.
Como as aranhas fazem sua teia?
As aranhas têm 2, 4 ou 6 tubinhos no abdômen, chamados fiandeiras. Para fazer as teias, o líquido que sai das fiandeiras endurece, adquirindo a forma de fios, como naquela máquina que faz algodão-doce. As teias funcionam como armadilhas para insetos, dos quais as aranhas se alimentam.
DUARTE, M. A arca dos bichos. São Paulo: Cia. das Letrinhas, 1999.
O texto apresenta uma explicação fundamentada nas ciências sobre o mecanismo de confecção de teias de aranha. Esse texto tem o papel predominante de
a) convencer.
b) informar.
c) entreter.
d) narrar.
5.
Basta alguém ter passado dos trinta para se lembrar perfeitamente de uma infância sem telefone celular, tablets ou computadores. Para estudar, divertir-se e passar o tempo, não havia o virtual: além do mundo real, só mesmo a nossa imaginação – e ela, nossa imaginação, era quem sempre melhor nos acompanhava na hora das brincadeiras infantis. Talvez pareça espantoso, mas as crianças divertiam-se tanto ou mais no passado, sem virtualidade nem tanta tecnologia,quanto hoje. Livros, gibis, jogos, bonecos, correr, dançar, andar de bicicleta e brincar de forma geral – além, é claro, dos próprios amigos – faziam a felicidade da criançada.
Disponível em: www.londrinando.com. Acesso em: 17 mar. 2018 (adaptado).
Com base no texto, as brincadeiras são identificadas como um(a)
a) prática com dimensões cultural e histórica.
b) aspecto que desapareceu do cotidiano das crianças.
c) resultado da virtualidade e da tecnologia no mundo real.
d) atividade presente somente na infância de pessoas mais velhas.
6.
Cidadania (do latim, civitas, “cidade”) é o conjunto de direitos e deveres ao qual um indivíduo está sujeito em relação à sociedade em que vive. O conceito de cidadania sempre esteve fortemente atrelado à noção de direitos, no entanto, dentro de uma democracia, a própria definição de Direito pressupõe a contrapartida de deveres, uma vez que em uma coletividade os direitos de um indivíduo são garantidos a partir do cumprimento dos deveres dos demais componentes da sociedade.
Disponível em: www.temmaisbauru.com.br. Acesso em: 10 ago. 2014.
O texto constrói sua argumentação a partir da
a) ampliação das ideias sobre a cidadania.
b) descrição dos direitos dos cidadãos.
c) enumeração dos deveres dos cidadãos.
d) discussão das condições da cidadania.
7.
Escola da mestra Silvina
Minha escola primária…
Escola antiga de antiga mestra.
Repartida em dois períodos
para a mesma meninada,
Das 8 às 11, da 1 às 4.
Nem recreio, nem exames.
Nem notas, nem férias.
Sem cânticos, sem merenda…
Digo mal – sempre havia
distribuídos
alguns bolos de palmatória…
A granel?
Não, que a mestra
era boa, velha, cansada, aposentada.
Tinha já ensinado a uma geração
antes da minha.
CORALINA, C. Poemas dos becos de Goiás e estórias mais. São Paulo: Global, 1993.
Na reconstrução, pela memória, do ambiente escolar e de sua professora, o eu lírico recorre a elementos que expõem uma visão
a) irônica em relação às antigas práticas pedagógicas.
b) magoada pela infância de escassez e de maus tratos.
c) nostálgica em função da percepção do envelhecimento.
d) questionadora acerca do perfil atual da escola e do aluno.
8.
Tantas palavras
Que eu conhecia
E já não falo mais, jamais
Quantas palavras
Que ela adorava
Saíram de cartaz
Nós aprendemos
Palavras duras
Como dizer perdi, perdi
Palavras tontas
Nossas palavras
Quem falou não está mais aqui.
CHICO BUARQUE. Tantas palavras. São Paulo: Cia. das Letras, 2006 (fragmento).
No texto, o lirismo foi construído com a exploração da linguagem em suas funções poética e metalinguística, conforme se depreende da
a) reflexão a respeito de um relacionamento amoroso a partir da maneira como o casal se comunica.
b) menção a termos relativos ao cinema a fim de valorizar as variedades da fala brasileira.
c) presença de ensinamentos a respeito de como deve ser o modo de falar dos leitores.
d) referência a sentimentos românticos para seduzir a mulher amada.
9.
Fui ver titia e ela continua insatisfeita com o poder aquisitivo do cruzeiro. Sabe muito bem que a inflação diminui, sabe muito bem que o produto bruto aumenta, mas acha que isso tudo, infelizmente, está custando a chegar no supermercado. Diz que o problema é o custo do aluguel, o custo do feijão, da carne e do arroz. O resto, realmente, não interessa. Olhei para titia, com meus olhos sábios, e não pude deixar de sorrir com tristeza – o problema dela é que não consegue abandonar essa medíocre mania de querer simplificar a economia.
FERNANDES, M. 30 anos de mim mesmo. Rio de Janeiro: Desiderata, 2006.
A realidade social vivida pelas personagens, no texto, adquire expressividade pelo olhar de um narrador
a) debochado quanto às diferentes visões sobre a riqueza.
b) saudosista em relação aos anos da sua infância rica.
c) cruel com o ponto de vista da tia sobre a economia.
d) detalhista no relato dos fatos do seu tempo.
10.
A metamorfose
Valdirene acordou um dia e viu que tinha se transformado em barata. Seu penúltimo pensamento humano foi: “Meu Deus!… A casa foi dedetizada há dois dias!…”. Seu último pensamento humano foi para seu dinheiro rendendo na financeira e que o safado do marido, seu herdeiro legal, o usaria. Depois desceu pelo pé da cama e correu para trás de um móvel. Não pensava mais em nada. Era puro instinto. Morreu cinco minutos depois, mas foram os cinco minutos mais felizes de sua vida.
VERISSIMO, L. F. Comédias para se ler na escola. São Paulo: Objetiva, 2010 (fragmento).
Inspirado na obra A metamorfose, de Franz Kafka, o narrador mostra uma face do relacionamento humano, aqui representada pelo
a) questionamento quanto ao trabalho do homem.
b) projeto de enriquecimento e de conquistas sociais.
c) egoísmo da vida em comum, marcada pela indiferença.
d) desapego inspirado pela certeza da brevidade da vida.
11.
A incapacidade de ser verdadeiro
Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois dragões da independência cuspindo fogo e lendo fotonovelas.
A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que caíra no pátio da escola um pedaço de lua, todo cheio de buraquinhos, feito queijo, e ele provou e tinha gosto de queijo.
Desta vez Paulo não só ficou sem sobremesa, como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias. Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da terra passaram pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe decidiu levá-lo ao médico.
Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça:
— Não há nada a fazer, Dona Coló. Esse menino é mesmo um caso de poesia.
ANDRADE, C. D. Rick e a girafa. São Paulo: Ática, 2001.
A sequência dos fatos que culminou na decisão da mãe de Paulo de levá-lo ao médico é estabelecida, no texto, pelo emprego das seguintes palavras:
a) “mentiroso”, “voador” e “sétimo”.
b) “borboletas”, “chácara” e “tapete”.
c) “Um dia”, “na semana seguinte” e “Quando”.
d) “Siá Elpídia”, “Dr. Epaminondas” e “Dona Coló”.
12.
Os automóveis invadem a cidade
Naqueles tempos, a vida em São Paulo era tranquila. Poderia ser ainda mais, não fosse a invasão cada vez maior dos automóveis importados, circulando pelas ruas da cidade; grossos tubos, situados nas laterais externas dos carros, desprendiam, em violentas explosões, gases e fumaça escura. Estridentes fonfons de buzinas, assustando os distraídos, abriam passagem para alguns deslumbrados motoristas que, em suas desabaladas carreiras, infringiam as regras de trânsito, muitas vezes chegando ao abuso de alcançar mais de 20 quilômetros à hora, velocidade permitida somente nas estradas. Fora esse detalhe, o do trânsito, a cidade crescia mansamente. Não havia surgido ainda a febre dos edifícios altos; nem mesmo o “Prédio Martinelli” – arranha-céu pioneiro em São Paulo, se não me engano do Brasil – fora ainda construído. Não existia rádio, e televisão, nem em sonhos. Não se curtia som em aparelhos de alta-fidelidade. Ouvia-se música em gramofones de tromba e manivela. Havia tempo para tudo, ninguém se afobava, ninguém andava depressa.
GATTAI, Z. Anarquistas, graças a Deus. Rio de Janeiro: Record, 1986.
Esse trecho contribui para garantir a conservação da memória do nosso país, porque
a) a linguagem da população de São Paulo era pouco diversificada.
b) a linguagem utilizada indica um ritmo de vida acelerado na capital.
c) as palavras empregadas revelam traços linguísticos de uma determinada época.
d) as palavras usadas relacionam-se à indústria automobilística de São Paulo.
13.
Responsabilidade ambiental
Água é saúde, e saúde é qualidade de vida. Por isso, nossa empresa cuida da saúde da sua família e ajuda você a cuidar da saúde do planeta. É simples: quanto mais purificadores são instalados no Brasil, mais pessoas deixam de consumir água em garrafas e galões, produzindo menos lixo para o planeta. Além de oferecer água saudável e de reduzir a quantidade de lixo descartado, nossos purificadores promovem a redução no consumo de energia elétrica.
Disponível em: www.europa.com.br. Acesso em: 18 ago. 2014 (adaptado).
Nesse texto, além de vender um produto, a propaganda desenvolve uma ideia sobre o(a)
a) conscientização da população em geral sobre a importância do consumo de água limpa.
b) orientação da população em relação aos efeitos do desperdício de água para as próximas gerações.
c) informação aos consumidores a respeito dos riscos de beber água imprópria para o consumo.
d) convencimento do consumidor sobre a responsabilidade da empresa com a saúde e com o meio ambiente.
14.
Para convencer os empresários a adotarem os serviços de uma entidade, o anúncio publicitário utiliza como argumento os resultados positivos relacionados ao(à)
a) qualidade de vida.
b) investimento na saúde.
c) produtividade da empresa.
d) bem-estar dos funcionários.
15.
Um dia, numa rua da cidade, eu vi um velhinho sentado na calçada
Com uma cuia de esmola e uma viola na mão
O povo parou para ouvir, ele agradeceu as moedas
E cantou essa música, que contava uma história
Que era mais ou menos assim:
Eu nasci há dez mil anos atrás
e não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais
Eu vi as velas se acenderem para o Papa
Vi Babilônia ser riscada do mapa
Vi conde Drácula sugando o sangue novo
e se escondendo atrás da capa
Eu vi
Eu vi a arca de Noé cruzar os mares
Vi Salomão cantar seus salmos pelos ares
Eu vi Zumbi fugir com os negros para floresta
pro Quilombo dos Palmares
Eu vi.
SEIXAS, R; COELHO, P. Há 10 mil anos atrás. São Paulo: Som 13, 1976.
O processo de criação, muitas vezes, apropria-se de textos e de ideias presentes em outros textos. Isso ocorre nos seguintes versos da canção:
a) “Um dia, numa rua da cidade, eu vi um velhinho sentado na calçada / Com uma cuia de esmola e uma viola na mão”
b) “O povo parou para ouvir, ele agradeceu as moedas / E cantou essa música, que contava uma história”
c) “Eu nasci há dez mil anos atrás / e não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais”
d) “Eu vi a arca de Noé cruzar os mares / Vi Salomão cantar seus salmos pelos ares”
16.
TEXTO I
TEXTO II
A polêmica da amamentação
Mães têm sido punidas por amamentar seus filhos em público
Na Espanha, uma jovem de 22 anos perdeu a guarda de sua filha, de 1 ano e 3 meses, sob a acusação de amamentá-la demais. Aqui no Brasil, uma mãe foi proibida de amamentar seu bebê enquanto visitava uma exposição, na capital paulista. Mas, se o aleitamento materno é uma característica natural da humanidade, por que esse tema gera tanta polêmica atualmente?
Segundo a historiadora de uma universidade paulista, “o ato de amamentar sempre está ligado a algo sagrado e, portanto, deve ser reservado e preservado. Por isso tanta gente se incomoda ao ver uma mãe amamentando em público.” Na opinião de um psicoterapeuta e professor da PUC-SP, “com a maior exposição atual do corpo feminino, o seio passou a ter mais apelo erótico do que alimentar.” O que as mamães mais desejam é reverter essa situação.
Disponível em: http://istoe.com.br. Acesso em: 13 mar. 2018 (adaptado).
Comparando os textos que tratam da amamentação, percebe-se que tal fato é
a) visto de modo equivocado na campanha e também na reportagem.
b) exaltado como algo recomendável na reportagem e como crime na campanha.
c) tratado do ponto de vista da saúde na reportagem e da perspectiva estatal na campanha.
d) interpretado como prática sagrada pela reportagem e como medicinal pela campanha.
17.
O Lavrador
Esse homem deve ser de minha idade – mas sabe muito mais coisas. Era colono em terras mais altas, se aborreceu com o fazendeiro, chegou aqui ao Rio Doce quando ainda se podia requerer duas colônias de cinco alqueires “na beira da água grande” quase de graça. Brocou a mata com a foice, depois derrubou, queimou, plantou seu café.
Explica-me: “Eu trabalho sozinho, mais o menino meu.” Seu raciocínio quando veio foi este:
“Vou tratar de cair na mata; a mata é do governo, e eu sou fio do Estado, devo ter direito.”
Confessa que sua posse até hoje não está legalizada: “Tenho de ir a Linhares, mas eu magino esse aguão…”
BRAGA, R. 200 crônicas escolhidas. Rio Janeiro: Record, 2004.
Nesse texto, as falas do homem descrito pelo narrador são marcadas por aspas e algumas palavras grafadas em itálico. Esses destaques caracterizam uma variedade linguística
a) etária, pois os homens tinham a mesma idade.
b) de região, pois o fato ocorreu em Linhares.
c) de registro, pois indicam falas informais.
d) social, pois se referem ao dialeto caipira.
18.
Pela preservação de Luziânia
Índios, escravos, garimpeiros, pequenos comerciantes e grandes fazendeiros habitavam as terras hoje ocupadas pelo Distrito Federal muito antes da chegada dos candangos. Desse período, ainda há construções nas áreas rurais e urbanas do Entorno. No entanto, são cada vez mais raras. Um dos mais ricos acervos se concentra na rua do Rosário, em Luziânia, fundada como Santa Luzia, em 13 de dezembro de 1746, por bandeirantes em busca de ouro.
Para preservar o que resiste, o Ministério Público de Goiás propôs uma ação civil pública contra a prefeitura, pedindo o fim do tráfego de veículos no centro histórico da cidade distante 70 km de Brasília.
O trânsito de caminhões está proibido na rua do Rosário há um ano. No entanto, sem
fiscalização, a norma é desrespeitada. Há apenas uma placa de advertência, mas nenhuma barreira. Com isso, os casarões e outros prédios centenários têm suas estruturas abaladas.
ALVES, R.; STACCINARI, I. Correio Braziliense, 20 jul. 2014 (adaptado).
A matéria trata da medida imposta pelo Ministério Público em relação à preservação do patrimônio histórico da cidade de Luziânia. A palavra que define a atitude dos motoristas de caminhão a respeito dessa determinação é:
a) represália.
b) destruição.
c) transgressão.
d) desconhecimento.
19.
O coronel recusou a sopa.
— Que é isso, Juca? Está doente?
O coronel coçou o queixo. Revirou os olhos. Quebrou um palito. Deu um estalo com a língua.
— Que é que você tem, homem de Deus?
O coronel não disse nada. Tirou uma carta do bolso de dentro. Pôs os óculos. Começou a ler:
— Exmo. Snr. Coronel Juca.
— De quem é?
— Do administrador da Santa Inácia.
— Já sei. Geada?
— Escute. Exmo. Snr. Coronel Juca. Respeitosas Saudações. Em primeiro lugar Saudo-vos.
V.Ecia. e D. Nequinha. Coronel venho por meio desta respeitosamente comunicar para V. E. que o cafezal novo agradeceu bastante as chuvarada desta semana. E tal e tal e tal. Me acho doente diversos incômodos divido o serviço.
— Coitado.
MACHADO, A. A. Notas biográficas do novo deputado. In: OLIVEIRA, N. Histórias de imigrantes. São Paulo: Scipione, 2007 (adaptado).
Os trechos em itálico no texto sinalizam o que foi escrito pelo remetente da carta. Embora o personagem administrador da Santa Inácia inicie o recado na norma-padrão, em outros momentos usa “as chuvarada” (sem o “s” de plural), “divido o” em lugar de “devido ao”, demonstrando
a) aproximar a linguagem ao entendimento do coronel.
b) ajustar os termos ao contexto de interlocução.
c) ser acessível à situação informal de comunicação.
d) ter dificuldades no domínio dessa variante.
20.
Amigo, não tenha quêxa,
Veja que eu tenho razão
Em lhe dizê que não mêxa
Nas coisa do meu sertão.
Pois, se não sabe o colega
De quá manêra se pega
Num ferro pra trabaiá,
Por favô, não mêxa aqui,
Que eu também não mêxo aí,
Cante lá que eu canto cá.
Repare que a minha vida
É deferente da sua.
A sua rima pulida
Nasceu no salão da rua.
Já eu sou bem deferente,
Meu verso é como a simente
Que nasce inriba do chão;
Não tenho estudo nem arte,
A minha rima faz parte
Das obra da criação.
PATATIVA DO ASSARÉ. Cante lá que eu canto cá. Petrópolis: Vozes, 1992 (fragmento).
O registro de palavras do texto demarca a identidade do povo sertanejo. Nesse contexto, as variações linguísticas utilizadas são frutos de fatores sociais que podem desencadear preconceito, como é evidenciado nos versos:
a) “Já eu sou bem deferente,/ Meu verso é como a simente / Que nasce inriba do chão”.
b) “Amigo, não tenha quêxa,/ Veja que eu tenho razão/ Em lhe dizê que não mêxa / Nas coisa do meu sertão”.
c) “Não tenho estudo nem arte,/ A minha rima faz parte/ Das obra da criação”.
d) “Por favô, não mêxa aqui,/ Que eu também não mêxo aí,/ Cante lá que eu canto cá ”.
21.
Diminutivos
Sempre pensei que ninguém batia o brasileiro no uso do diminutivo, essa nossa mania de reduzir tudo à mínima dimensão, seja um cafezinho, um cineminha ou uma vidinha. “Operação”, por exemplo. É uma palavra assustadora. Pior do que “intervenção cirúrgica”, porque promete uma intervenção muito mais radical nos intestinos. Já uma operaçãozinha é uma mera formalidade.
Anestesia local e duas aspirinas depois. Uma coisa tão banal que quase dispensa a presença do paciente. No Brasil, usa-se o diminutivo principalmente em relação à comida.
— Mais um feijãozinho?
— Um pouquinho.
— E uma farofinha?
— Ao lado do arrozinho?
— Isso.
O diminutivo é também uma forma de disfarçar o nosso entusiasmo pelas grandes porções.
E tem um efeito psicológico inegável.
— E agora, um docinho.
E surge um tacho de ambrosia que é um porta-aviões.
VERISSIMO, L. F. Comédia da vida privada:101 crônicas escolhidas. Porto Alegre: LP&M, 1994 (adaptado).
Além de indicar a redução de tamanho, as palavras usadas no diminutivo podem apresentar outros sentidos. No texto, o diminutivo também foi empregado para
a) demonstrar a intensidade do que se queria dizer.
b) ressaltar uma forma carinhosa de tratamento.
c) reproduzir exatamente o significado das palavras.
d) atenuar o impacto das palavras que se desejava usar.
Gabarito:
1.A
2.C
3.B
4.B
5.A
6.A
7.A
8.A
9.A
10.C
11.C
12.C
13.D
14.C
15.D
16.D
17.D
18.C
19.D
20.C
21.D
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