- (2017/TRT 7ª/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA)
Texto CB1A1AAA
Na mídia em geral, nos discursos políticos, em mensagens publicitárias, na fala de diferentes atores sociais, enfim, nos diversos contextos em que a comunicação se faz presente, deparamo-nos repetidas vezes com a palavra cidadania. Esse largo uso, porém, não torna evidente seu significado.
Ao contrário, o fato de admitir vários empregos deprecia seu valor conceitual, isto é, sua capacidade de nos fazer compreender certa ordem de eventos. Por que, então, a palavra cidadania é constantemente evocada, se o seu significado é tão pouco esclarecido?
Uma resposta possível a essa indagação começa pelo reconhecimento de que há um considerável avanço da agenda igualitária no mundo e, decorrente disso, uma valorização sem precedentes da ideia de direitos. O fenômeno é mundial, afeta, de modos e em graus distintos, todas as sociedades e aponta para uma democratização progressiva e sustentada das repúblicas. Observam-se também, nesse contexto, passagens contínuas da condição de indivíduo à de cidadão, na medida em que temas do domínio privado que, por sua incidência e relevância, passam a ser amplamente debatidos na esfera pública podem influenciar o sistema político a torná-los matéria de interesse geral e, no limite, direitos positivados.
Em suma, reconhecer a centralidade que assumiu a discussão sobre direitos ajuda a entender a atual onipresença da palavra cidadania. Mas avançar na elucidação desse fenômeno impõe perceber que, ao lado da valorização dos direitos, se desenvolve igualmente a certeza de que o caminho para efetivá-los é a mobilização pública do sentimento de justiça, e não a ativação de métodos personalistas de acesso a eles. Em outras palavras, considera-se cada vez mais importante que os direitos estejam fortemente conectados com a plena autonomia política dos indivíduos, de modo que não sejam vividos como favores concedidos por governantes, filantropos, patronos ou equivalentes.
Maria Alice Rezende de Carvalho. Cidadania e direitos. In: André Botelho e Lilia Moritz Schwarcz (Orgs.). Agenda brasileira: temas de uma sociedade em mudança. São Paulo: Companhia das Letras, 2011 (com adaptações).
No primeiro parágrafo do texto CB1A1AAA, o referente da forma pronominal “sua” (l.4) é
a) “significado” (l.3).
b) “a palavra cidadania” (l. 5).
c) “Esse largo uso” (l.3).
d) “vários empregos” (l.4).
2. (2017/TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO/7ª REGIÃO/TÉCNICO JUDICIÁRIO –
ÁREA ADMINISTRATIVA)
Um livro é como uma casa. Tem fachada, jardim, sala de visitas, quartos, dependência de empregada e até mesmo cozinha e porão. Suas páginas iniciais, como aquelas conversas cerimoniais que antigamente eram regadas a guaraná geladinho e biscoito champanhe, servem solenemente para dizer ao leitor (esse fantasma que nos chega da rua) o que se diz a uma visita de consideração: que não repare nos móveis, que o dono da morada é modesto e bem-intencionado. (…) Que vá, enfim, ficando à vontade e desculpando alguma coisa…
Assim, se o leitor quiser me acompanhar, eu lhe mostro, daqui da sala de visitas, esta minha nova casa. Diria, inicialmente, que ela começou com uma ideia, e não com um projeto bem-acabado, pois não sou engenheiro civil, mas estudante das coisas humanas. Desse modo, esta coleção de ensaios nasceu da motivação de compreender a sociedade brasileira como alguma coisa totalizada.
Pode estar seguro o meu leitor-visita de que fiz o que pude e de que tentei até mesmo lhe indicar o caminho do quintal e da cozinha. Mas, se mesmo assim tudo lhe for desagradável, se considerar a casa mal construída, se o café estiver frio e fraco, e a cerveja, muito quente, se tudo — enfim — lhe parecer errado ou ruim, então eu só lhe peço que se lembre de uma coisa: a casa, afinal de contas, é brasileira. Nela, se há regras para o anfitrião, há também normas para a visita. E, até mesmo quando não se gosta de algo, se pode dizer isso educada e generosamente. Fique à vontade…
Roberto Damatta. A casa & a rua: espaço, cidadania, mulher e morte no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 1997, p. 5 (com adaptações).
Sem prejuízo para o sentido original do texto CB3A1AAA, a expressão mesmo assim, em Mas, se mesmo assim tudo lhe for desagradável (l. 12), poderia ser substituída por
a) até mesmo.
b) malgrado.
c) por isso.
d) apesar disso.
3. (2017/TRE TO/ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA)
Texto CG2A1AAA
A evolução do modo de comunicação social, da antiga sociedade do face a face à moderna sociedade de massas, fez-se em função do estado da técnica. Sem a invenção dos caracteres móveis de imprensa, no século XV, seria impossível haver jornais. De modo semelhante, no século XX, a Internet inaugurou a era da comunicação global, pela utilização conjugada do telefone e do computador.
As vias de comunicação evoluíram no sentido de uma conjugação de veículos e técnicas, para criar uma rede complexa e global, que congrega desde empresas de produção da comunicação (imprensa, televisão etc.) até a indústria da informática. As consequências dessa estupenda transformação técnico-econômica não foram ainda assimiladas pela teoria política.
A vida política, como todas as demais formas de relacionamento social, pressupõe a organização de um espaço próprio de comunicação. No regime democrático, esse espaço é necessariamente público, porque o poder político supremo pertence ao povo.
Na realidade, porém, a organização do espaço público de comunicação — não só em matéria política, como também econômica, cultural ou religiosa — faz-se, hoje, com o alheamento do povo.
Assim, enquanto nos regimes autocráticos a comunicação social constitui monopólio dos governantes, nos países geralmente considerados democráticos o espaço de comunicação social deixa de ser público, para tornar-se, em sua maior parte, objeto de oligopólio da classe empresarial.
O verdadeiro espaço público de deliberação política passou a ser aquele oferecido pelos veículos de comunicação de massa. Nos países em que vigora claramente o regime oligárquico sob aparências democráticas, a exploração dos mais importantes órgãos de comunicação é feita por grupos empresariais privados. Nesses países, o desenrolar das eleições mais importantes faz-se sempre sob a influência decisiva da propaganda veiculada pela grande imprensa, pelo rádio e, sobretudo, pela televisão. Portanto, o debate público sobre as grandes questões da vida política e econômica dessas nações é estruturalmente falseado.
É imperioso que se retome o debate autêntico, que pressuponha a liberdade e a capacidade dos cidadãos de proporem questões a serem discutidas. Para isso, os veículos de expressão coletiva devem ser instrumentos de uso comum de todos.
Fábio Konder Comparato. A era da comunicação de massa e da privatização do espaço público. In: Revista USP, n. 48, São Paulo, dez.-fev./2000-2001, p. 6-17 (com adaptações).
Com relação aos aspectos linguísticos do texto CG2A1AAA, assinale a opção correta.
a) Os termos “monopólio” (l.14) e “oligopólio” (l.16) podem ser considerados sinônimos no texto, pois têm o mesmo sentido: comércio realizado por poucos.
b) Na linha 18, o deslocamento do vocábulo “claramente” para após “regime” man-
teria o sentido original do texto.
c) A substituição da vírgula após “global” (l.4) por dois-pontos manteria a correção
gramatical do período e o sentido original do texto.
d) Os vocábulos “ainda” (l.8) e “enquanto” (l.14) exprimem tempo decorrido.
e) Os adjetivos “estupenda” (l.7) e “imperioso” (l.24) são marcas de subjetividade
no texto.
- (2017/TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL/TOCANTINS/TÉCNICO JUDICIÁRIO –
ÁREA ADMINISTRATIVA
Texto CG1A1AAA
Somente em um sistema de democracia indireta ou representativa existem partidos políticos.
A democracia indireta ou representativa, segundo Kelsen, é aquela em que a função legislativa é exercida por um parlamento eleito pelo povo, e as funções administrativa e judiciária são exercidas por funcionários igualmente escolhidos por um eleitorado. Dessa forma, um governo é representativo quando os seus funcionários, durante a ocupação do poder, refletem a vontade do eleitorado e são responsáveis para com este.
Como o sistema de democracia representativa procurava representar uma unidade, os partidos políticos foram vistos com maus olhos em um primeiro momento. Em seu início, não tinham sequer o respaldo da Constituição.
Kelsen explica que os partidos políticos surgiram porque, em uma democracia parlamentar, o indivíduo isolado tem pouca influência sobre a criação dos órgãos legislativos e executivos. Assim, para obter influência, ele tem de se associar a outros que compartilhem as suas opiniões políticas. Para o autor, o partido político é um veículo essencial para a formação da vontade pública em uma democracia parlamentar.
Ana Cláudia Santano. Os partidos políticos. Internet: <www.egov.ufsc.br> (com adaptações).
A correção gramatical e os sentidos do texto CG1A1AAA seriam preservados caso a expressão quando (l.5) fosse substituída por
a) conquanto.
b) à medida que.
c) enquanto.
d) se.
e) bem como.
5. (2017/TRE TO/TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA)
O Tocantins dá abrigo à mais completa floresta fossilizada do mundo, que viveu no Período Permiano, em uma época anterior à dos dinossauros. No final desse período, o planeta assistiu à maior extinção em massa da fauna e da flora de sua existência.
Os fósseis da floresta foram preservados graças à presença de sílica no ambiente, que se infiltrou nas plantas e conservou seus formatos, por meio do processo de permineralização celular. A infiltração e a impregnação de sílica nas células e nos espaços intercelulares formaram uma matriz inorgânica que sustentou os tecidos das plantas, preservando-os. A origem do agente da permineralização silicosa ainda permanece obscura.
O alto índice de samambaias indica que a região central do Tocantins era, então, uma planície costeira com farto sistema hídrico sob um clima tropical. E o ambiente? Há dúvidas quanto à sua caracterização, isto é, se era amazônico ou parecido com o do cerrado.
Internet: <www.florestalbrasil.com> (com adaptações).
No texto CG1A1BBB, o pronome “os” (l.7) remete a
a) “células” (l.6) e “espaços” (l.10).
b) “os tecidos das plantas” (l.7).
c) “tecidos” (l.7) e “plantas” (l.7).
d) “Os fósseis da floresta” (l.4).
e) “seus formatos” (l.5).
Gabarito:
- B
- D
- E
- D
- B