O Arcadismo no Brasil

O ARCADISMO NO BRASIL - O Arcadismo no Brasil

O Arcadismo teve início no Brasil em 1768 com a publicação de Obras Poéticas, de Claudio Manoel da Costa e estendeu-se até 1836. Desenvolveu-se no estado de Minas Gerais, que na época era um grande centro econômico e cultural da sociedade brasileira.

O movimento árcade surgiu em oposição à estética barroca, já considerada fora dos padrões da nova realidade brasileira. Os exageros do Barroco já não agradavam ao público, que passou a valorizar uma poesia com estrutura mais simples.

 

 

A simplicidade da poesia árcade baseava-se, principalmente, na valorização da natureza, sendo o campo considerado uma verdadeira fonte de felicidade. A vida no campo era o cenário perfeito para desfrutar de momentos de paz e simplicidade, descartando tudo o que fosse considerado inútil e desnecessário (inutilia truncat).

Decepcionado e cansado da conturbada vida na cidade, o poeta árcade propunha uma fuga para o campo (do latim, fugere urbem,) onde encontraria todos os elementos necessários para escrever suas poesias com tranquilidade e aproveitar a vida (Carpe diem) de uma maneira simples (áureas mediocritas).

A simplicidade refletia-se também na estrutura da poesia, privilegiando os versos  e valorizando as formas fixas , como as do soneto. A poesia clássica foi uma das fontes de inspiração dos poetas árcades, que valorizavam os elementos da natureza em oposição aos vícios gerados pela vida na cidade.

O panorama político de Minas Gerais foi um dos fatores que levaram ao amplo desenvolvimento do Arcadismo na região. Os poetas revoltados com a situação do país envolviam-se diretamente nos conflitos e usavam pseudônimos para não serem identificados pelo governo através de suas poesias.

Outro  aspecto relevante é  que a fuga para  o campo tão defendida pelos  árcades, era puramente  ideológica. Apesar do    forte   desejo   de  abandonar  aquela   triste  realidade, nenhum  deles, de fato , deixou de viver nos grandes centros urbanos.

Como ocorre em todos os períodos literários, alguns poetas destacaram-se nessa fase:

 

Claudio Manuel da Costa - O Arcadismo no Brasil

Claudio Manoel da Costa

Claudio Manoel da Costa

Escrevia sob o pseudônimo de Glauceste Satúrnio, foi o precursor do Arcadismo. Estudou Direito em Coimbra e retornou em seguida para exercer a profissão e cuidar de sua herança. Participou ativamente do movimento da Inconfidência Mineira. Foi preso e encontrado enforcado na prisão. Sua poesia ainda apresentava alguns traços do Barroco, fato compreensível, por tratar-se de um poeta de transição entre os  dois períodos literários. Era considerado o mestre dos demais poetas desta fase, sendo admirado e respeitado por todos.

Suas obras que merecem destaque são: Obras Poéticas (1768) e Villa Rica (1773).

Obras Poéticas, soneto I:

“Para cantar de amor tenros cuidados,

Tomo entre vós, ó montes, o instrumento;

Ouvi pois o meu fúnebre lamento;

Se é, que de compaixão sois animados:…”

Villa Rica, Canto VIII

“Já desde quando no projeto vinhas

De encontrar as preciosas esmeraldas, 

Eu te esperava deste monte às faldas. 

O Deus destes tesouros impedia 

Até aqui descobri-los, e fingia 

Meu rosto aos homens tão escuro e feio

Por que infundisse em todos o receio.”  

 

Basílio da Gama - O Arcadismo no Brasil

Basílio da Gama

Basílio da Gama.

Nasceu em Minas Gerais, mas em 1757, ao ficar órfão de pai, mudou-se para o Rio de Janeiro.

Escreveu o poema épico O Uraguai, em 1769.  

Quando a  Companhia de Jesus fechou, o poeta  retornou para Portugal e, em seguida, para Roma. Dividiu sua vida entre o Brasil e Portugal.

O Uraguai, Canto primeiro:

“Fumam ainda nas desertas praias

Lagos de sangue tépidos e impuros

Em que ondeiam cadáveres despidos,

Pasto de corvos. Dura inda nos vales

O rouco som da irada artilheria.

MUSA, honremos o Herói que o povo rude

Subjugou do Uraguai, e no seu sangue

Dos decretos reais lavou a afronta.

Ai tanto custas, ambição de império!

E Vós, por quem o Maranhão pendura”

 

Santa Rita Durão - O Arcadismo no Brasil

Frei Santa Rita Durão

Frei Santa Rita Durão

Autor de Caramuru, foi um orador e poeta. Escreveu parte de sua obra no Brasil e outra parte em Portugal. É considerado um dos precursores do indianismo no Brasil.

Caramuru

I

“De um varão em mil casos agitados,

Que as praias discorrendo do Ocidente,

Descobriu recôncavo afamado

Da capital brasílica potente;

Do Filho do Trovão denominado,

Que o peito domar soube à fera gente,

O valor cantarei na adversa sorte,

Pois só conheço herói quem nela é forte.”

 

Tomás Antônio Gonzaga - O Arcadismo no Brasil

Tomás Antônio Gonzaga

Tomaz Antônio Gonzaga

Conhecido como Dirceu, autor de Marília de Dirceu que, com o árcade Silva Alvarenga , ousou  ao lado de Tiradentes, lutar contra os abusos cometidos  pela Coroa. Nasceu em Portugal e passou sua infância no Brasil. Retornou para Portugal para se formar e ao regressar para o Brasil, estabeleceu-se em Vila Rica.  As Liras do poeta são consideradas as mais relevantes do século XVIII. Sua obra é dividida basicamente em duas partes, antes e depois da sua prisão. A segunda parte exalta a solidão e fala de traições e desenganos.

Marília de Dirceu

“Eu vi o meu semblante numa fonte,

Dos anos inda não está cortado;

Os pastores, que habitam este monte,

Respeitam o poder do meu cajado.

Com tal destreza toco a sanfoninha,

Que inveja até me tem o próprio Alceste:

Ao som dela concerto a voz celeste

Nem canto letra, que não seja minha.

Graças, Marília bela,

Graças à minha estrela!”

 

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