Resolução de questões ENEM 2020

QUESTOES DO ENEM DE 2020 - Resolução de questões ENEM 2020

Preparando-se para o vestibular? Então estude através da resolução de questões ENEM 2020.

Quando quis agilizar o processo de seleção de novos alunos, a tradicional faculdade britânica de medicina St. George usou um software para definir quem deveria ser entrevistado. Ao reproduzir a forma como os funcionários faziam essa escolha, o programa eliminou, de cara, 60 de 2 000 candidatos. Só por causa do sexo ou da origem racial, numa dedução baseada em sobrenome e local de nascimento. Um estudo sobre o caso foi publicado em 1988, mas, 25 anos depois, outra pesquisa apontou que esse tipo de discriminação segue firme. O exemplo recente envolve o buscador do Google: ao digitar nomes comuns entre negros dos EUA, a chance de os anúncios automáticos oferecerem checagem de antecedentes criminais pode aumentar 25%. E pode piorar com a pergunta “detido?” logo após a palavra procurada.

Disponível em: https://tab.uol.com.br.

Acesso em: 11 ago. 2017 (adaptado). O texto permite o desnudamento da sociedade ao relacionar as tecnologias de informação e comunicação com o(a)

a) agilidade dos softwares.

b) passar dos anos.

c) linguagem

d) preconceito

e) educação.

 

 

2.

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Nessa campanha publicitária, a imagem da família e o texto verbal unem-se para reforçar a ideia de que

  1. a família que adota é mais feliz.
  2. a adoção tardia é muito positiva.
  3. as famílias preferem adotar bebês.
  4. a adoção de adolescentes é mais simples.
  5. os filhos adotivos são companheiros dos pais.

3.

Viajo Curitiba das conferências positivistas, elas são onze em Curitiba, há treze no mundo inteiro; do tocador de realejo que não roda a manivela desde que o macaquinho morreu; dos bravos soldados do fogo que passam chispando no carro vermelho atrás do incêndio que ninguém não viu, esta Curitiba e a do cachorro-quente com chope duplo no Buraco do Tatu eu viajo. Curitiba, aquela do Burro Brabo, um cidadão misterioso morreu nos braços da Rosicler, quem foi? quem não foi? foi o reizinho do Sião; da Ponte Preta da estação, a única ponte da cidade, sem rio por baixo, esta Curitiba viajo. Curitiba sem pinheiro ou céu azul, pelo que vosmecê é — província, cárcere, lar —, esta Curitiba, e não a outra para inglês ver, com amor eu viajo, viajo, viajo.

TREVISAN, D. Em busca de Curitiba perdida. Rio de Janeiro: Record, 1992.

A tematização de Curitiba é frequente na obra de Dalton Trevisan. No fragmento, a relação do narrador com o espaço urbano é caracterizada por um olhar

  1. destituído de afetividade, que ironiza os costumes e as tradições da sociedade curitibana.
  2. marcado pela negatividade, que busca desconstruir perspectivas habituais de representação da cidade.
  3. carregado de melancolia, que constata a falta de identidade cultural diante dos impactos da urbanização.
  4. embevecido pela simplicidade do cenário, indiferente à descrição de elementos de reconhecido valor histórico.
  5. distanciado dos elementos narrados, que recorre ao ponto de vista do viajante como expressão de estranhamento.

4.

Hino à Bandeira Em teu seio formoso retratas Este céu de puríssimo azul, A verdura sem par destas matas, E o esplendor do Cruzeiro do Sul. Contemplando o teu vulto sagrado, Compreendemos o nosso dever, E o Brasil por seus filhos amado, Poderoso e feliz há de ser! Sobre a imensa Nação Brasileira, Nos momentos de festa ou de dor, Paira sempre sagrada bandeira Pavilhão da justiça e do amor!

BILAC, O.; BRAGA, F. Disponível em: www2.planalto.gov.br. Acesso em: 10 dez. 2017 (fragmento).

No Hino à Bandeira, a descrição é um recurso utilizado para exaltar o símbolo nacional na medida em que

  1. remete a um momento futuro.
  2. promove a união dos cidadãos.
  3. valoriza os seus elementos.
  4. emprega termos religiosos.
  5. recorre à sua história

5.

— O senhor pensa que eu tenho alguma fábrica de dinheiro? (O diretor diz essas coisas a ele, mas olha para todos como quem quer dar uma explicação a todos. Todas as caras sorriem.) Quando seu filho esteve doente, eu o ajudei como pude. Não me peça mais nada. Não me encarregue de pagar as suas contas: já tenho as minhas, e é o que me basta… (Risos.) O diretor tem o rosto escanhoado, a camisa limpa. A palavra possui um tom educado, de pessoa que convive com gente inteligente, causeuse. O rosto do Dr. Rist resplandece, vermelho e glabro. Um que outro tem os olhos no chão, a atitude discreta. Naziazeno espera que ele lhe dê as costas, vá reatar a palestra interrompida, aquelas observações sobre a questão social, comunismo e integralismo.

MACHADO, D. Os ratos. São Paulo: Círculo do Livro, s/d. A ficção modernista explorou tipos humanos em situação de conflito social.

No fragmento do romancista gaúcho, esse conflito revela a

  1. sujeição moral amplificada pela pobreza.
  2. crise econômica em expansão nas cidades.
  3. falta de diálogo entre patrões e empregados.
  4. perspicácia marcada pela formação intelectual.
  5. tensão política gerada pelas ideologias vigentes.

6.

Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, funcionário público, certo de que a língua portuguesa é emprestada ao Brasil; certo também de que, por esse fato, o falar e o escrever em geral, sobretudo no campo das letras, se veem na humilhante contingência de sofrer continuamente censuras ásperas dos proprietários da língua; sabendo, além, que, dentro do nosso país, os autores e os escritores, com especialidade os gramáticos, não se entendem no tocante à correção gramatical, vendo-se, diariamente, surgir azedas polêmicas entre os mais profundos estudiosos do nosso idioma — usando do direito que lhe confere a Constituição, vem pedir que o Congresso Nacional decrete o tupi-guarani como língua oficial e nacional do povo brasileiro.

BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 26 jun. 2012.

Nessa petição da pitoresca personagem do romance de Lima Barreto, o uso da norma-padrão justifica-se pela

  1. situação social de enunciação representada.
  2. divergência teórica entre gramáticos e literatos.
  3. pouca representatividade das línguas indígenas.
  4. atitude irônica diante da língua dos colonizadores.
  5. tentativa de solicitação do documento demandado.

7.

Por que a indústria do empreendedorismo de palco irá destruir você Se, antigamente, os livros, enormes e com suas setecentas páginas, cuspiam fórmulas, equações e cálculos que te ensinavam a lidar com o fluxo de caixa da sua empresa, hoje eles dizem: “Você irá chegar lá! Acredite, você irá vencer!”. Mindset, empoderamento, millennials, networking, coworking, deal, business, deadline, salesman com perfil hunter… tudo isso faz parte do seu vocabulário. O pacote de livros é sempre idêntico e as experiências são passadas da mesma forma: você está a um único centímetro da vitória. Não pare! Se desistir agora, será para sempre. Tome, leia a estratégia do oceano azul. Faça mais uma mentoria, participe de mais uma sessão de coaching. O problema é que o seu mindset não está ajustado. Você precisa ser mais proativo. Vamos fazer mais um powermind ? Eu consigo um precinho bacana para você…

CARVALHO, Í. C. Disponível em: https://medium.com. Acesso em: 17 ago. 2017 (adaptado).

De acordo com o texto, é possível identificar o “empreendedor de palco” por

  1. livros por ele indicados.
  2. suas habilidades em língua inglesa.
  3. experiências por ele compartilhadas.
  4. padrões de linguagem por ele utilizados.
  5. preços acessíveis de seus treinamentos.

8.

Sou o coração do folclore nordestino Eu sou Mateus e Bastião do Boi-bumbá Sou o boneco de Mestre Vitalino Dançando uma ciranda em Itamaracá Eu sou um verso de Carlos Pena Filho Num frevo de Capiba Ao som da Orquestra Armorial Sou Capibaribe Num livro de João Cabral Sou mamulengo de São Bento do Una Vindo no baque solto de maracatu Eu sou um auto de Ariano Suassuna No meio da Feira de Caruaru Sou Frei Caneca do Pastoril do Faceta Levando a flor da lira Pra Nova Jerusalém Sou Luiz Gonzaga E sou do mangue também Eu sou mameluco, sou de Casa Forte Sou de Pernambuco, sou o Leão do Norte

LENINE; PINHEIRO, P.C. Leão do Norte. In: LENINE; SUZANO, M. Olho de peixe. São Paulo: Velas, 1993 (fragmento).

O fragmento faz parte da canção brasileira contemporânea e celebra a cultura popular nordestina. Nele, o artista exalta as diferentes manifestações culturais pela

  1. valorização do teatro, música, artesanato, literatura, dança, personagens históricos e artistas populares, compondo um tecido diversificado e enriquecedor da cultura popular como patrimônio regional e nacional.
  2. identificação dos lugares pernambucanos, manifestações culturais, como o bumba meu boi, as cirandas, os bonecos mamulengos e heróis locais, fazendo com que essa canção se apresente como uma referência à cultura popular nordestina.
  3. exaltação das raízes populares, como a poesia, a literatura de cordel e o frevo, misturadas ao erudito, como a Orquestra Armorial, compondo um rico tecido cultural, que transforma o popular em erudito.
  4. caracterização das festas populares como identidade cultural localizada e como representantes de uma cultura que reflete valores históricos e sociais próprios da população local. E apresentação do Pastoril do Faceta, do maracatu, do bumba meu boi e dos autos como representação da musicalidade e do teatro popular religioso, bastante comum ao folclore brasileiro.
  5. apresentação do Pastoril do Faceta, do maracatu, do bumba meu boi e dos autos como representação da musicalidade e do teatro popular religioso, bastante comum ao folclore brasileiro.

9.

Relatos de viagem: nas curvas da Nacional 222, em Portugal Em abril deste ano, fomos a Portugal para uma viagem de um mês que esperávamos há um ano. Pois no dia 4 de maio, chegávamos ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto. Que linda a “antiga, muy nobre, sempre leal e invicta” cidade do Porto! “Encantei-me”, diriam eles… pelas belas paisagens, construções históricas com lindas fachadas, parques e praças muito bem cuidados. Os tripeiros, sinônimo de portuenses, têm orgulho de sua cidade, apelidada de Invicta — nunca foi invadida. E valorizam tudo o que há de bom ali, como “a melhor estrada para se dirigir do mundo”, a Nacional 222.

Pois na manhã do 25 de abril, dia da Revolução dos Cravos, resolvemos conhecer a tal maravilha. A cada 10 km tínhamos que encostar: corríamos, dançávamos, tomávamos chocolate quente, sopa, tudo que fosse quentinho. E lá íamos para mais uma etapa. Uma aventura deliciosa. Depois de três horas — mais ou menos o dobro do tempo necessário, não fossem as paradas para aquecimento —, chegamos a casa! Congelados, mas maravilhados e invictos!

Disponível em: https://oglobo.globo.com. Acesso em: 6 dez. 2017 (adaptado).

Nesse texto, busca-se seduzir o leitor por meio da exploração de uma voz externa sobre a identidade histórica do povo português. O trecho que evidencia esse procedimento argumentativo é

  1. “Que linda a ‘antiga, muy nobre, sempre leal e invicta’ cidade do Porto!”.
  2. “‘Encantei-me’, diriam eles… pelas belas paisagens, construções históricas com lindas fachadas […]”.
  3. “Os tripeiros, sinônimo de portuenses, têm orgulho de sua cidade […]”.
  4. “E valorizam tudo o que há de bom ali, como ‘a melhor estrada para se dirigir do mundo’ […]”.
  5. “Pois na manhã do 25 de abril, dia da Revolução dos Cravos, resolvemos conhecer a tal maravilha”.

10.

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Essa campanha de conscientização sobre o assédio sofrido pelas mulheres nas ruas constrói-se pela combinação da linguagem verbal e não verbal. A imagem da mulher com o nariz e a boca cobertos por um lenço é a representação não verbal do(a)

  1. silêncio imposto às mulheres, que não podem denunciar o assédio sofrido.
  2. metáfora de que as mulheres precisam defender-se do assédio masculino.
  3. constrangimento pelo qual passam as mulheres e sua tentativa de esconderem-se.
  4. necessidade que as mulheres têm de passarem despercebidas para evitar o assédio.
  5. incapacidade de as mulheres protegerem-se da agressão verbal dos assediadores.

11.

Chiquito tinha quase trinta quando conheceu Mariana num baile de casamento na Forquilha, onde moravam uns parentes dele. Por lá foi ficando, remanchando. Fez mal à moça, como costumavam dizer, tiveram de casar às pressas. Morou uns tempos com o sogro, descombinaram. Foi só conta de colher o milho e vender. Mudou pra casa do velho Chico Lourenço [seu pai]. Fumaça própria só viu subir um par de anos depois, quando o pai repartiu as terras. De tão parecidos, pai e filho nunca combinaram direito. Cada qual mais topetudo, muitas vezes dona Aparecida ouvia o marido reclamar da natureza forte do filho. Ela escutava com paciência e respondia dum jeito sempre igual: — “Quem herda, não rouba”. Vinha um brilho nos olhos, o velho se acalmava.

ROMANO, O. Casos de Minas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.

Os ditados populares são frases de sabedoria criadas pelo povo, utilizadas em várias situações da vida. Nesse texto, a personagem emprega um ditado popular com a intenção de

  1. criticar a natureza forte do filho.
  2. justificar o gênio difícil de Chiquito.
  3. legitimar o direito do filho à herança.
  4. conter o ânimo violento de Chico Lourenço.
  5. condenar a agressividade do marido contra o filho.

12.

  1. TEXTO I

Poesia em cartaz O caminho habitual para o trabalho, aquele em que a gente já nem repara direito, pode ficar mais belo com um poema. O projeto #UmLambePorDia nasceu desta intenção: trazer mais cor e alegria para a cidade por meio de cartazes coloridos ao estilo lambe-lambe. Quem teve a ideia foi o escritor Leonardo Beltrão, em Belo Horizonte. “Em meio a olhares cada vez mais viciados, acabamos nos esquecendo da beleza envolvida em cada esquina e no próprio poder transformador da palavra”. Assim, a cada dia um cartaz é colocado por aí, para nos lembrar de reparar na cidade, na vida que corre ao redor e também em nós mesmos.

TEXTO II

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Considerando-se a função que os cartazes colados em postes normalmente exercem nas ruas das cidades grandes, esse texto evidencia a

  1. disseminação da arte poética em um veículo não convencional.
  2. manutenção da expectativa das pessoas ao andarem pelas ruas.
  3. necessidade de exposição de poemas pequenos em diferentes suportes.
  4. característica corriqueira do suporte lambe-lambe, muito comum nas ruas.
  5. exposição da beleza escondida das esquinas da cidade de Belo Horizonte.

13.

A vida às vezes é como um jogo brincado na rua: estamos no último minuto de uma brincadeira bem quente e não sabemos que a qualquer momento pode chegar um mais velho a avisar que a brincadeira já acabou e está na hora de jantar. A vida afinal acontece muito de repente — nunca ninguém nos avisou que aquele era mesmo o último Carnaval da Vitória. O Carnaval também chegava sempre de repente. Nós, as crianças, vivíamos num tempo fora do tempo, sem nunca sabermos dos calendários de verdade. […] O “dia da véspera do Carnaval”, como dizia a avó Nhé, era dia de confusão com roupas e pinturas a serem preparadas, sonhadas e inventadas. Mas quando acontecia era um dia rápido, porque os dias mágicos passam depressa deixando marcas fundas na nossa memória, que alguns chamam também de coração. ONDJAKI.

Os da minha rua. Rio de Janeiro: Língua Geral, 2007.

As significações afetivas engendradas no fragmento pressupõem o reconhecimento da

  1. perspectiva infantil assumida pela voz narrativa.
  2. suspensão da linearidade temporal da narração.
  3. tentativa de materializar lembranças da infância.
  4. incidência da memória sobre as imagens narradas.
  5. alternância entre impressões subjetivas e relatos factuais.

14.

Caminhando contra o vento,

Sem lenço e sem documento

No sol de quase dezembro

Eu vou

O sol se reparte em crimes

Espaçonaves, guerrilhas

Em cardinales bonitas

Eu vou

Em caras de presidentes

Em grandes beijos de amor

Em dentes, pernas, bandeiras

Bombas e Brigitte Bardot

O sol nas bancas de revista

Me enche de alegria e preguiça

Quem lê tanta notícia

Eu vou

VELOSO, C. Alegria, alegria. In: Caetano Veloso. São Paulo: Phillips, 1967 (fragmento).

É comum coexistirem sequências tipológicas em um mesmo gênero textual. Nesse fragmento, os tipos textuais que se destacam na organização temática são

  1. descritivo e argumentativo, pois o enunciador detalha cada lugar por onde passa, argumentando contra a violência urbana.
  2. dissertativo e argumentativo, pois o enunciador apresenta seu ponto de vista sobre as notícias relativas à cidade.
  3. expositivo e injuntivo, pois o enunciador fala de seus estados físicos e psicológicos e interage com a mulher amada.
  4. narrativo e descritivo, pois o enunciador conta sobre suas andanças pelas ruas da cidade ao mesmo tempo que a descreve.
  5. narrativo e injuntivo, pois o enunciador ensina o interlocutor como andar pelas ruas da cidade contando sobre sua própria experiência.

15.

Seu delegado Eu sou viúvo e tenho um filho homem Arrumei uma viúva e fui me casar A minha sogra era muito teimosa Com o meu filho foi se matrimoniar Desse matrimônio nasceu um garoto Desde esse dia que eu ando é louco Esse garoto é filho do meu filho E o filho da minha sogra é irmão da minha mulher Ele é meu neto e eu sou cunhado dele A minha nora é minha sogra Meu filho meu sogro é Nessa confusão já nem sei quem sou Acaba esse garoto sendo meu avô.

TRIO FORROZÃO. Agitando a rapaziada. Rio de Janeiro: Natasha Records, 2009.

Nessa letra da canção, a suposição do último verso sinaliza a intenção do autor de

  1.  ironizar as relações familiares modernas.
  2.  reforçar o humor da situação representada.
  3.  expressar perplexidade em relação ao parente.
  4.  atribuir à criança a causa da dúvida existencial.
  5.  questionar os lugares predeterminados da família.

16.

Eu tenho empresas e sou digno do visto para ir a Nova York. O dinheiro que chove em Nova York é para pessoas com poder de compra. Pessoas que tenham um visto do consulado americano. O dinheiro que chove em Nova York também é para os nova-iorquinos. São milhares de dólares. […] Estou indo para Nova York, onde está chovendo dinheiro. Sou um grande administrador. Sim, está chovendo dinheiro em Nova York. Deu no rádio. Vejo que há pedestres invadindo a via onde trafega o meu carro vermelho, importado da Alemanha. Vejo que há carros nacionais trafegando pela via onde trafega o meu carro vermelho, importado da Alemanha. Ao chegar em Nova York, tomarei providências.

SANT’ANNA, A. O importado vermelho de Noé. In: MORICONI, I. (Org.).

Os cem melhores contos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. As repetições e as frases curtas constituem procedimentos linguísticos importantes para a compreensão da temática do texto, pois

  1. expressam a futilidade do discurso de poder e de distinção do narrador.
  2. disfarçam a falta de densidade das angústias existenciais narradas.
  3. ironizam a valorização da cultura norte-americana pelos brasileiros.
  4. explicitam a ganância financeira do capitalismo contemporâneo.
  5. criticam os estereótipos sociais das visões de mundo elitistas.

17.

DECRETO N. 28 314, DE 28 DE SETEMBRO DE 2007 Demite o Gerúndio do Distrito Federal e dá outras providências. O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 100, incisos VII e XXVI, da Lei Orgânica do Distrito Federal, DECRETA: Art. 1° Fica demitido o Gerúndio de todos os órgãos do Governo do Distrito Federal. Art. 2° Fica proibido, a partir desta data, o uso do gerúndio para desculpa de INEFICIÊNCIA. Art. 3° Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Art. 4º Revogam-se as disposições em contrário. Brasília, 28 de setembro de 2007. 119º da República e 48º de Brasília.

 Disponível em: www.dodf.gov.br. Acesso em: 11 dez. 2017.

Esse decreto pauta-se na ideia de que o uso do gerúndio, como “desculpa de ineficiência”, indica

  1. conclusão de uma ação.
  2. realização de um evento.
  3. repetição de uma prática.
  4. continuidade de um processo.
  5. transferência de responsabilidade.

18.

TEXTO I

É pau, é pedra, é o fim do caminho

É um resto de toco, é um pouco sozinho

É um caco de vidro, é a vida, é o sol

É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol

É peroba-do-campo, é o nó da madeira

Caingá, candeia, é o matita-pereira

TOM JOBIM. Águas de março. O Tom de Jobim e o tal de João Bosco (disco de bolso). Salvador: Zen Produtora, 1972 (fragmento).

TEXTO II

A inspiração súbita e certeira do compositor serve ainda de exemplo do lema antigo: nada vem do nada. Para ninguém, nem mesmo para Tom Jobim. Duas fontes são razoavelmente conhecidas. A primeira é o poema O caçador de esmeraldas, do mestre parnasiano Olavo Bilac: “Foi em março, ao findar da chuva, quase à entrada/ do outono, quando a terra em sede requeimada/ bebera longamente as águas da estação […]”. E a outra é um ponto de macumba, gravado com sucesso por J. B. Carvalho, do Conjunto Tupi: “É pau, é pedra, é seixo miúdo, roda a baiana por cima de tudo”. Combinar Olavo Bilac e macumba já seria bom; mas o que se vê em Águas de março vai muito além: tudo se transforma numa outra coisa e numa outra música, que recompõem o mundo para nós.

NESTROVSKI, A. O samba mais bonito do mundo. In: Três canções de Tom Jobim. São Paulo: Cosac Naify, 2004.

Ao situar a composição no panorama cultural brasileiro, o Texto II destaca o(a)

    1. diálogo que a letra da canção estabelece com diferentes tradições da cultura nacional.
    2. singularidade com que o compositor converte referências eruditas em populares.
    3. caráter inovador com que o compositor concebe o processo de criação artística.
    4. relativização que a letra da canção promove na concepção tradicional de originalidade.
    5. resgate que a letra da canção promove de obras pouco conhecidas pelo público no país.

19.

Retrato de homem

A paisagem estrita ao apuro do muro feito vértebra a vértebra e escuro.

A geração dos pelos sobre a casca e os rostos em seus diques de sombra repostos.

Os poços com seu lodo de ira e de tensão: entre cimento e fronte — um vão.

As setas se atiram às margens de ninguém, ilesas a si mesmas retêm.

Compassos de evasão entre falange e rua sondando a solitude nua.

E na armadura de coisa salobra, um só segredo: a polpa toda é fruição de medo.

ARAÚJO, L. C. Cantochão. Belo Horizonte: Imprensa Publicações — Governo do Estado de Minas Gerais, 1967

No poema, a descrição lírica do objeto representado é orientada por um olhar que

  1. desvela sentimentos de vazio e angústia sob a aparente austeridade.
  2. expressa desilusão ante a possibilidade de superação do sofrimento.
  3.  contrapõe a fragilidade emocional ao uso desmedido da força física.
  4.  associa a incomunicabilidade emocional às determinações culturais.
  5.  privilegia imagens relacionadas à exposição do dinamismo urbano.

20.

Senhor Juiz O instrumento do “crime” que se arrola Nesse processo de contravenção Não é faca, revólver ou pistola, Simplesmente, doutor, é um violão. Será crime, afinal, será pecado, Será delito de tão vis horrores, Perambular na rua um desgraçado Derramando nas praças suas dores? Mande, pois, libertá-lo da agonia (a consciência assim nos insinua) Não sufoque o cantar que vem da rua, Que vem da noite para saudar o dia. É o apelo que aqui lhe dirigimos, Na certeza do seu acolhimento Juntada desta aos autos nós pedimos E pedimos, enfim, deferimento.

Disponível em: www.migalhas.com.br. Acesso em: 23 set. 2020 (adaptado).

Essa petição de habeas corpus, ao transgredir o rigor da linguagem jurídica,

  1. permite que a narrativa seja objetiva e repleta de sentidos denotativos.
  2. mostra que o cordel explora termos próprios da esfera do direito.
  3. demonstra que o jogo de linguagem proposto atenua a gravidade do delito.
  4. exemplifica como o texto em forma de cordel compromete a solicitação pretendida.
  5. esclarece que os termos “crime” e “processo de contravenção” são sinônimos.

21.

É possível afirmar que muitas expressões idiomáticas transmitidas pela cultura regional possuem autores anônimos, no entanto, algumas delas surgiram em consequência de contextos históricos bem curiosos. “Aquele é um cabra da peste” é um bom exemplo dessas construções. Para compreender essa expressão tão repetida no Nordeste brasileiro, faz-se necessário voltar o olhar para o século 16. “Cabra” remete à forma com que os navegadores portugueses chamavam os índios. Já “peste” estaria ligada à questão da superação e resistência, ou mesmo uma associação com o diabo. Assim, com o passar dos anos, passou-se a utilizar tal expressão para denominar qualquer indivíduo que se mostre corajoso, ou mesmo insolente, já que a expressão pode ter caráter positivo ou negativo. Aliás, quem já não ficou de “nhe-nhe-nhém” por aí? O termo, que normalmente tem significado de conversa interminável, monótona ou resmungo, tem origem no tupi-guarani e “nhém” significa “falar”.

Disponível em: http://leiturasdahistoria.uol.com.br. Acesso em: 13 dez. 2017.

A leitura do texto permite ao leitor entrar em contato com

  1. registros do inventário do português brasileiro.
  2. justificativas da variedade linguística do país.
  3. influências da fala do nordestino no uso da língua.
  4. explorações do falar de um grupo social específico.
  5. representações da mudança linguística do português.

22.

O ouro do século 21 Cério, gadolínio, lutécio, promécio e érbio; sumário, térbio e disprósio; hólmio, túlio e itérbio. Essa lista de nomes esquisitos e pouco conhecidos pode parecer a escalação de um time de futebol, que ainda teria no banco de reservas lantânio, neodímio, praseodímio, európio, escândio e ítrio. Mas esses 17 metais, chamados de terras-raras, fazem parte da vida de quase todos os humanos do planeta. Chamados por muitos de “ouro do século 21”, “elementos do futuro” ou “vitaminas da indústria”, eles estão nos materiais usados na fabricação de lâmpadas, telas de computadores, tablets e celulares, motores de carros elétricos, baterias e até turbinas eólicas. Apesar de tantas aplicações, o Brasil, dono da segunda maior reserva do mundo desses metais, parou de extraí-los e usá-los em 2002. Agora, volta a pensar em retomar sua exploração.

SILVEIRA, E. Disponível em: www.revistaplaneta.com.br. Acesso em: 6 dez. 2017 (adaptado).

As aspas sinalizam expressões metafóricas empregadas intencionalmente pelo autor do texto para

  1. imprimir um tom irônico à reportagem.
  2. incorporar citações de especialistas à reportagem.
  3. atribuir maior valor aos metais, objeto da reportagem.
  4. esclarecer termos científicos empregados na reportagem.
  5. marcar a apropriação de termos de outra ciência pela reportagem.

23.

Na sua imaginação perturbada sentia a natureza toda agitando-se para sufocá-la. Aumentavam as sombras. No céu, nuvens colossais e túmidas rolavam para o abismo do horizonte… Na várzea, ao clarão indeciso do crepúsculo, os seres tomavam ares de monstros… As montanhas, subindo ameaçadoras da terra, perfilavam-se tenebrosas… Os caminhos, espreguiçando-se sobre os campos, animavam-se quais serpentes infinitas… As árvores soltas choravam ao vento, como carpideiras fantásticas da natureza morta… Os aflitivos pássaros noturnos gemiam agouros com pios fúnebres. Maria quis fugir, mas os membros cansados não acudiam aos ímpetos do medo e deixavam-na prostrada em uma angústia desesperada.

 ARANHA, J. P. G. Canaã. São Paulo: Ática, 1997.

No trecho, o narrador mobiliza recursos de linguagem que geram uma expressividade centrada na percepção da

  1. relação entre a natureza opressiva e o desejo de libertação da personagem.
  2. confluência entre o estado emocional da personagem e a configuração da paisagem.
  3. prevalência do mundo natural em relação à fragilidade humana.
  4. depreciação do sentido da vida diante da consciência da morte iminente.
  5. instabilidade psicológica da personagem face à realidade hostil

24.

Fomos falar com o tal encarregado, depois com um engenheiro, depois com um supervisor que mandou chamar um engenheiro da nossa companhia. Esses homens são da sua companhia, engenheiro, ele falou, estão pedindo a conta. A companhia está empenhada nessa ponte, gente, falou o engenheiro, vocês não podem sair assim sem mais nem menos. Tinha uma serra circular cortando uns caibros ali perto, então só dava pra falar quando a serra parava, e aquilo foi dando nos nervos. Falei que a gente tinha o direito de sair quando a gente quisesse, e pronto. Nisso encostou um sujeito de paletó mas sem gravata, o engenheiro continuou falando e a serra cortando. Quando ele parou de falar, 50 Volts aproveitou uma parada da serra e falou que a gente não era bicho pra trabalhar daquele jeito; daí o supervisor falou que, se era falta de mulher, eles davam um jeito. O engenheiro falou que tinha mais de vinte companhias trabalhando na ponte, a maioria com prejuízo, porque era mais uma questão de honra, a gente tinha de acabar a ponte, a nossa companhia nunca ia esquecer nosso trabalho ali naquela ponte, um orgulho nacional.

PELLEGRINI, D. A maior ponte do mundo. In: Melhores contos. São Paulo: Global, 2005.

As reivindicações dos operários, quanto às condições aviltantes de trabalho a que são submetidos, recebem algumas tentativas de neutralização dos representantes do empregador, das quais a mais forte é o(a)

  1. sequência de atribuição de responsabilidades e de poder decisório a terceiros.
  2. solicitação em nome dos prejuízos e compromissos para entrega da obra.
  3. intimidação pela discreta presença de um agente de segurança na cena.
  4. promessa de imediato atendimento da carência sexual dos operários.
  5. apelo pela identificação com a empresa extensiva ao amor patriótico.

25.

Vou-me embora p’ra Pasárgada foi o poema de mais longa gestação em toda a minha obra. Vi pela primeira vez esse nome Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego. […] Esse nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas” ou “tesouro dos persas”, suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias, como o de L’invitation au Voyage, de Baudelaire. Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda sensação de tudo o que eu não tinha feito em minha vida por motivo da doença, saltou-me de súbito do subconsciente este grito estapafúrdio: “Vou-me embora p’ra Pasárgada!” Senti na redondilha a primeira célula de um poema, e tentei realizá-lo, mas fracassei. Alguns anos depois, em idênticas circunstâncias de desalento e tédio, me ocorreu o mesmo desabafo de evasão da “vida besta”. Desta vez o poema saiu sem esforço como se já estivesse pronto dentro de mim. Gosto desse poema porque vejo nele, em escorço, toda a minha vida; […] Não sou arquiteto, como meu pai desejava, não fiz nenhuma casa, mas reconstruí e “não de uma forma imperfeita neste mundo de aparências”, uma cidade ilustre, que hoje não é mais a Pasárgada de Ciro, e sim a “minha” Pasárgada.

BANDEIRA, M. Itinerário de Pasárgada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; Brasília: INL, 1984.

Os processos de interação comunicativa preveem a presença ativa de múltiplos elementos da comunicação, entre os quais se destacam as funções da linguagem. Nesse fragmento, a função da linguagem predominante é a

  1. emotiva, porque o poeta expõe os sentimentos de angústia que o levaram à criação poética.
  2. referencial, porque o texto informa sobre a origem do nome empregado em um famoso poema de Bandeira.
  3. metalinguística, porque o poeta tece comentários sobre a gênese e o processo de escrita de um de seus poemas.
  4. poética, porque o texto aborda os elementos estéticos de um dos poemas mais conhecidos de Bandeira.
  5. apelativa, porque o poeta tenta convencer os leitores sobre sua dificuldade de compor um poema.

26.

q45 2020 224x300 - Resolução de questões ENEM 2020

 

 

 

 

 

 

A frase, título do filme, reproduz uma variedade linguística recorrente na fala de muitos brasileiros. Essa estrutura caracteriza-se pelo(a)

  1. uso de uma marcação temporal.
  2. imprecisão do referente de pessoa.
  3. organização interrogativa da frase.
  4. utilização de um verbo de ação.
  5.  apagamento de uma preposição

 

Gabarito:

  1. D
  2. B
  3. B
  4. C
  5. A
  6. A
  7. D
  8. B
  9. A
  10. B
  11. B
  12. A
  13. A
  14. D
  15. B
  16. A
  17. D
  18. A
  19. A
  20. C
  21. A
  22. C
  23. B
  24. E
  25. C
  26. E

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